Queridos pais, antes de fornecer algumas dicas de abordagem coaching infantil, para lidar com a birra, primeiro, vou explicar o que é a birra exatamente, como e os porquês dela ocorrer.

Vamos lá! A birra, nada mais, é do que uma forma da criança expressar algum desejo ou algo que ela não queira. Faz parte do repertório de emoções infantil e é um comportamento adotado pelas crianças dentre 1 a 4 anos, como forma de expressar seus sentimentos, emoções e/ou necessidades. A birra é uma das primeiras formas da criança demonstrar raiva ou descontentamento. Durante a birra, há o que os especialistas chamam de “sequestro da amígdala cerebelosa”. As amígdalas são as estruturas neurais mais importantes no cérebro, responsáveis pelas emoções básicas. Assim, na hora exata da birra, a criança perde o controle e descarrega toda sua emoção e fúria por meio do choro, dos gritos e da agressividade. Portanto, podemos dizer que já é o início do desenvolvimento da inteligência emocional dos pequenos. 

Vale ressaltar, que mesmo que a criança seja educada em um ambiente amoroso, que seus pais sejam carinhosos e que o ambiente em que ela vive seja saudável, ela fará birra. Fato! A birra é a tradução das emoções primárias da criança, uma vez que ela ainda não consegue nem identificar e nem dominar suas próprias emoções. 

Por isso, não existe padrão de frequência, intensidade e prolongamento durante a infância. Tudo pode variar entre os pequenos, pois nenhuma criança é igual à outra. Quanto à frequência, a birra pode se repetir várias vezes ao dia ou pode ser espaçada, durante a semana. Porém, se seus filhos fazem birra mais de uma vez por dia ou com muita repetição, fiquem atentos! Não só eles, mas vocês, também, precisam de ajuda. É isso mesmo! Os pais precisam de ajuda, para lidar com esse momento estressante para todos.

Em relação à intensidade da birra, também não existe um padrão, elas costumam ser rápidas. Contudo, se os pais cedem à pressão, a criança entenderá que manter a birra fará com que os pais se cansem e atendam ao seu desejo. A birra vira uma moeda de troca, entenderam? Os pequenos percebem que tudo é uma questão de tempo, que os pais não aguentarão e começam, então, a criar um mau hábito.

Falando sobre o prolongamento, normalmente, a birra não se prolonga por toda infância, mas há casos em que a criança, mesmo depois de crescida, mantém este tipo de comportamento com algumas variáreis: dando de ombros, batendo pé, fazendo bico, batendo portas...

Além disso, muitos pais não sabem como agir e entendem a birra como uma simples pirraça e acabam piorando a situação para ambos os lados. Gritam, batem e ficam mais nervosos do que os filhos. Por esse e outros motivos, vocês, pais, precisam estar preparados, para lidar com tal situação e mostrar para a criança que o mundo lá fora não é reativo a este comportamento. Que nem tudo será de acordo com seus desejos e que manter esta postura só irá prejudicar a própria criança, quando adulta. A frustração, quando não bem trabalhada na infância, pode levar o adolescente a buscar pelas drogas, como forma de compensação aos seus desejos não atendidos. Por isso, os pais não devem reforçar este comportamento, cedendo às birras, OK!?

Vou dar algumas dicas da abordagem coaching infantil, para facilitar a vida de vocês:

- Não gritem ou briguem, porque esta atitude vai deixar a criança ainda mais nervosa. Fale claramente que está entendendo que algo a incomoda e respirem juntas. Mostre empatia.

- Acolham a emoção da criança, conversem e tentem manter a calma, demonstrando que vocês estão ali para ajudá-la. Isto não significa que o desejo da criança será atendido. Peça um abraço, por exemplo, a fim de quebrar o padrão da raiva.

 
- Esperem a criança se acalmar, para iniciar o diálogo de entendimento entre as partes. Não adianta insistir, enquanto a birra estiver no ápice. Os pais também precisam se controlar.

- Considerem limites a serem impostos, porque alguns comportamentos abusivos durante a birra não podem ser aceitos e, além disso, onde não há plateia, não há show. Por exemplo: a criança bater nos pais. Um NÃO, quando adequado, deve ser dado.

- Para garantir a segurança da criança, protejam seus filhos, para que eles não se machuquem na hora da birra, quando há o encharcamento de hormônios no cérebro e o neocórtex (área do cérebro responsável pelas emoções) não está totalmente desenvolvido e não possui neurônios suficientes, para realizar conexões neurais que tragam a criança de volta ao controle.

- Levem seu filho para um local reservado, para que não haja julgamento nem criticas de terceiros. Muitos pais se sem tem forçados a ceder à birra, porque ficam envergonhados.

- Embora pareça difícil, aproveitem, porque este pode ser um momento de aproximação e uma ótima oportunidade de aprendizado para ambos os lados, pais e filhos!

- Observem bem a criança e sua rotina, porque, às vezes, a birra pode ser um sinal de fome, sede, cansaço... Lembrando que os pequenos não conseguem se expressar racionalmente, OK!

Lembrem-se de que a birra não deve ser ignorada. É um comportamento normal durante o desenvolvimento da criança e uma grande chance, para os pais investirem na construção da personalidade e na educação emocional da criança. 

Sobre a autora

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