05 de Novembro de 2020

Crônica: Os Meninos Travessos

*Por Acilea Pinto da Cunha


Moravam eles num prédio de dois andares, numa rua movimentada e da sacada de onde se debruçavam para olhar pra baixo e viam as pessoas andando apressadamente para seu trabalho, para compras ou por simples passeio. 


 Então começava o festival de cusparada.  kkkkk, ria o garoto.  _ Vai cospe também, incentivando a irmão a imitá-lo.  E, ela obediente ajudava-o em sua travessura. 


E, então, lá debaixo vinham os gritos: _ Seus moleques, não subo aí e dou uns tabefes em vocês porque não posso subir escadas, sou cardíaco.  


E, assim, repetiam-se estes atos diários.  Quando não eram estas travessuras, vinha o primeiro de abril.  Pegavam papel de presente da mãe, barbante  bonito, que ela guardava para embrulhar seus presentes e faziam lindos embrulhos em que o conteúdo era simplesmente, cocô da cachorra da casa, a Jolie, uma linda fêmea que deitava para a menina mamar nela e os dois riam e ele adorava quando a irmã obediente procedia a este ritual.


E brincavam de esconder com Walter, o filho do porteiro do prédio do banco.  E adoravam deixar o menino bem tontinho quando era a vez dele procurar,  pois de preferência subiam na Pensão da D. Hilda e se escondiam nos quartos de hóspedes. 


E, assim era a vida para estes dois irmãos, ele tendo 10 e ela com 8 anos. Entre várias artes, tinha uma que ele colocava um lençol preso em pregos nas paredes de um lado e de outro a menina que não gostava, mas se reclamasse levava um bofetão.  Havia também a cena de Tarzan quando ele pendurado na claraboia do quarto com um grito bem alto, se jogava na cama que não quebrava, nem sei porque. 


Mas, houve algumas artes que não soaram bem, como quando ele pegava carona nos estribos dos bondes, saltando e voltando para o bonde andando. O irmão bem mais velho, que muitas vezes fazia o papel de pai, soube pela mãe das estrepolias do mais novo e levou-o pra rua e deu-lhe uma surra.


Mas ele era assim mesmo, levado, outro dia pegou a grana que a mãe ia pagar o colégio da irmã e gastou, ela não pensou duas vezes e acabou lhe dando outra surra. Uma dessas monumental.


E assim, muitas confusões ele arrumou, mas isto são outras histórias que vão ficar pra depois. Ainda escreverei mais sobre este interessante assunto, me aguardem. Prometo que terá continuação.

Jornalista, associada, colaboradora da Revista da ABB-Rio

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